segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

parte II - amor de verdade

aruc sabia que a verdade estava passando por graves apuros naqueles tempos, e que o único jeito de adentrar nos conturbados corações dos filhos dos antigos da terra, era com sua face de fábula.

acenou para a verdade e logo tomavam café descafeinado, confabulando sobre suas aventuras e novos propósitos.

- vim porque ouvi meu nome sendo chamado, bem-quista verdade! fiz-me pronto e cá estou - compartilhou aruc. diz-me com que fábulas adentrar nos corações deles e apressar minha partida para minha casa nas estrelas.

- vixi, muita calma, queridinho! mesmo as fábulas estão levando mais tempo do que nunca pra surtir efeito... se está com pressa de terminar teu trabalho, faça o que tem que ser feito sem pedir muita licença ou esperar qualquer reconhecimento... ainda mais você, aruc das estrelas, pois, assim como eu, és chamado por eles mesmos - e seus entes queridos - mas quando aparecemos para dar o que pediram, fazem um escândalo e se agarram com unhas e dentes ao que já têm. esse povo da terra não sabe nem o que quer, nem o que não quer.

- há tempos que os entreguei à grande mãe, pois ela faz o serviço na surdina, mas há algo de emergencial nesta situação. quando ouço meu nome como o ouvi, é por chamado de muitos, muitos mesmo! lembrei-me da agonia e por isso vim ligeiro. o que são estas coisas às quais os filhos dos homens se agarram com tanta convicção e força?

- pensam eles que estão seguramente agarrados a mim - falou a verdade meneando a cabeça - mas veja você se tem alguém aqui comigo agora, e olha que esse povo acorda cedo pra se enganar. veja este café, por exemplo, é descafeinado! dá pra acreditar em que, em quem? aruc, querido, estou tão sem saber o que fazer quanto você. olha, pega meu contato e se você conseguir algum avanço significativo em tua tarefa, compartilha, tá!

cuspindo o café descafeinado na sarjeta, aruc e a verdade beijaram-se e fizeram amor ali mesmo, pois sabiam o que isso queria dizer.

- até mais, verdade. se arrumar um daqueles trampos de contar estórias fabulosas em festas bacanas, me avisa. já vi que vou alongar-me por aqui mais tempo do que imaginava.

- claro, meu querido, pode deixar. há sempre uma boa mentirinha para se contar uma grande verdade... há sempre uma boa e velha fábula. estou feliz que estejas aqui, me sinto menos só, aruc. vai na fé, coragem!

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